sexta-feira, outubro 15, 2004

hoje, sem medo.

Evangelho segundo S. Lucas 12,1-7.

Entretanto, a multidão tinha-se reunido; eram milhares, a ponto de se pisarem uns aos outros. Jesus começou a dizer primeiramente aos seus discípulos: «Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nem oculto que não venha a conhecer-se. Porque tudo quanto tiverdes dito nas trevas há-de ouvir-se em plena luz, e o que tiverdes dito ao ouvido, em lugares retirados, será proclamado sobre os terraços. Digo-vos a vós, meus amigos: Não temais os que matam o corpo e, depois, nada mais podem fazer. Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem o poder de lançar na Geena. Sim, Eu vo-lo digo, a esse é que deveis temer. Não se vendem cinco pássaros por duas pequeninas moedas? Contudo, nenhum deles passa despercebido diante de Deus. Mais ainda, até os cabelos da vossa cabeça estão contados. Não temais: valeis mais do que muitos pássaros. Da Bíblia Sagrada

quarta-feira, setembro 29, 2004

Os Anjos do Senhor

Hoje a Igreja celebra os Arcanjos S. Gabriel, S. Rafael e S. Miguel.

Na Páscoa passada o meu filho Sebastião foi baptizado. Nessa altura, escolhi o Arcanjo S. Gabriel para seu padrinho. Hoje, reafirmo esta "minha" escolha.
Não sei muito bem se a existência dos Anjos é "real" ou se, pelo contrário, é fruto de um "processo cultural" de representação e figuração das manifestações de Deus ao longo da História (dos Homens e da Igreja). Haveria, com certeza, muito a dizer sobre estes seres (ou representações) mas na verdadade,tudo "isso", e apesar do enorme interesse do tema, perde importância e peso face ao sentido que o baptismo do Sebastião tem para a minha vida e para a dele. Nesta Páscoa senti que Deus me chamava a deixar nas sua mãos a vida do meu Sebastião. A confiar na sua fortaleza. E quem melhor que a "Fortaleza de Deus" para estar com o meu filho?



«Bendizei o Senhor, todos os seus anjos, poderosos executores das suas ordens» (Sl 102, 20)
Que existem Anjos, muitas páginas da Escritura o atestam. Deveis saber que a palavra “Anjo” designa uma função, não uma natureza: ser mensageiros. Os que transmitem mensagens de maior transcendência chamam-se “Arcanjos”. Esta é a razão pela qual o Arcanjo Gabriel foi enviado à Virgem Maria; de facto, era justo que para esta missão fosse enviado um Anjo superior, porque vinha anunciar a maior de todas as mensagens.De igual modo, quando se trata de realizar algum mistério que exige um poder especial, verifica-se que é Miguel o enviado. De facto, a sua acção e o seu nome, que quer dizer “Quem como Deus?”, dão a entender aos homens que ninguém pode fazer o que só a Deus pertence realizar. Por isso, aquele antigo inimigo, que na sua soberba pretendeu ser semelhante a Deus, dizendo: “Subirei até ao céu, levantarei o meu trono acima dos astros e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14,13), será abandonado a si mesmo no fim do mundo e condenado ao extremo suplício. É este que S. João no Apocalipse nos apresenta a combater contra o Arcanjo Miguel: “Travou-se um combate no Céu contra o Arcanjo Miguel” (12,7).À Virgem Maria foi enviado Gabriel, que significa “Fortaleza de Deus”, porque veio anunciar aquele que, apesar da sua aparência humilde, havia de triunfar sobre os poderes superiores. Convinha, de facto, ser anunciado pela “Fortaleza de Deus” Aquele que vinha ao mundo como Senhor dos Exércitos e poderoso nas batalhas (Sl 23, 8). Quanto ao Arcanjo Rafael, seu nome significa “Medicina de Deus”, como se compreende na missão que teve junto de Tobias: tocou-lhe os olhos como um médico e dissipou as trevas da cegueira (Tb 11,17). Por isso, aquele que foi enviado para curar, é chamado “Medicina de Deus”.

São Gregório Grande (c. 540-604), papa e doutor da Igreja Homilias sobre o Evangelho

sexta-feira, setembro 03, 2004

Aos meus amigos...

Apanhei este "vinicius" de uma amiga e zás! dedico-o aos meus (muito) amigos, que nãopreciso listar.
Sim, também tenho uma lista disto.
e é tudo, bom fim de semana...

Procura-se alguém!

Basta que seja humano, basta ter sentimento, basta ter coração...
Precisa saber falar e saber calar, sobretudo saber ouvir...
Tem de gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, do Sol, da Lua, do canto dos ventos e da canção das brisas do mar...

Deve ter amor por alguém, um grande amor, ou então sentir a sua falta...
Deve amar o próximo e respeitar a dor que todos os passantes levam consigo...
Deve guardar um segredo sem se sacrificar...
Não é preciso que seja de primeira mão, nem imprescindível que seja de segunda...
Pode já ter sido enganado – todas as pessoas já foram enganadas!Não é preciso que seja puro, nem de todo impuro, mas não deve ser vulgar...
Deve ter um ideal e medo de o perder...
E no caso de assim o não ser, deve sentir o grande vazio que isto deixa...
Tem de ter ressonâncias humanas: errar e chorar! Acertar e rir!
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários...
Deve ser um D.Quixote, sem contudo, desprezar o Sancho...

Procura-se Alguém, para gostar dos mesmos gostares...
Que se comova, quando chamado de Amigo...
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e de recordações de infância...

Procura-se Alguém, para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, do sonho e da realidade...
Deve gostar de ruas desertas, de poças de chuva e de caminhos molhados de beira de estrada, do mato depois das chuvas, e de se deitar na relva...

Procura-se Alguém para se parar de chorar...
Para não se viver debruçado no passado, em busca de memórias queridas...
Que não voltam mais.
Que nos bata no ombro, sorrindo e chorando, mas que nos chame de Amigo...
Procura-se Alguém que creia em nós!

Vinicius de Morais

quinta-feira, setembro 02, 2004

De Regresso...

Depois do intervalo, das férias e da desinspiração, estou de volta ao terceiro irmão. Este tempo sem "postar" foi sem dúvida um tempo para reflectir, para tomar decisões e para fazer uma pausa nas rotinas (inclusivé escrever no blog). Estive em observação interna. Estive também com o Sebastião e com a Carolina ( e disto falarei mais tarde).
É sobretudo para mim, mas também para eles que "posto" este comentário do Cardeal John Henry Newman, que acho que acerta na "mouche" .
Às vezes não é preciso grandes elaborações teológicas para compreender coisas simples...

"... Ao longo de toda a nossa vida, Cristo chama-nos. Seria bom que tivéssemos consciência disso, mas somos lentos para compreender esta grande verdade, que Cristo caminha de alguma forma no meio de nós e que, com a sua mão, os seus olhos, a sua voz, nos ordena que o sigamos. Ora nós sem seguer nos damos conta do seu apelo que se faz ouvir neste mesmo instante. Pensamos que ele teve lugar no tempo dos apóstolos; mas não acreditamos que é também para nós, não o esperamos. Não temos olhos para ver o Senhor e, nisso, somos muito diferentes do discípulo amado que distinguiu a voz de Cristo, mesmo quando os outros apóstolos não foram capazes de O reconhecer (Jo 21,7).Contudo, podes ter a certeza: Cristo olha para ti, sejas tu quem fores. Chama-te pelo teu nome. Vê-te e compreende-te, Ele que te criou. Tudo o que há em ti, Ele o sabe: todos os teus sentimentos e os pensamentos que te são próprios, as tuas inclinações, os teus gostos, a tua força e a tua fraqueza. Vê-te nos teus dias de alegria, tal como nos dias de sofrimento. Interessa-se por todas as tuas angústias e recordações, por todos os entusiasmos e desânimos do teu espírito. Envolve-te com os seus braços e ampara-te; levanta-te e faz-te descansar. Contempla o teu rosto, quer sorrias, quer chores, na saúde ou na doença. Olha para as tuas mãos e para os teus pés, ouve a tua voz, o batimento do teu coração, até mesmo o teu sopro. Tu não te amas mais do que Ele te ama."


Cardeal John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo Sermões paroquiais simples

quinta-feira, julho 29, 2004

Crer nisto.

Depois de algum tempo em silêncio, regresso com este post que quero dedicar também ao Charbel. Tenho andado com outros afazeres e pouco disponível para escrever.  
 Mas hoje ao ler esta passagem do Evangelho de S.João, senti-me tocado por este diálogo de Jesus e Marta que também me questiona. Será que nas coisas do quotidiano acredito de facto n'Ele?
... Com Ele a esperança e a fé não são só teorias e ideias mais ou menos distantes mais ou menos fora do alcance. Implica no hoje e no agora.
Há um sentido de urgência na relação com Deus.
- crês nisto?            
  
Evangelho segundo S. João 11,19-27.
e muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria para lhes darem os pêsames pelo seu irmão. Logo que Marta ouviu dizer que Jesus estava a chegar, saiu a recebê-lo, enquanto Maria ficou sentada em casa. Marta disse, então, a Jesus: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido. Mas, ainda agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Ele to concederá.» Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará.» Marta respondeu-lhe: «Eu sei que ele há-de ressuscitar na ressurreição do último dia.» Disse-lhe Jesus: «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre. Crês nisto?» Ela respondeu-lhe: «Sim, ó Senhor; eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo.» 

  


terça-feira, julho 20, 2004

fim do dia ...

Insensatez
 
Lá fora estou solitário .
não vejo nada senão a cor (laranja do Sol).
cá dentro já não tenho a tua companhia
e o café não tem o sabor
das desoras de alegria
dos fins de tarde
na velha leitaria.
Por isso deixo aqui estas palavras moidas em passe-vite.
ó Camilo, (ó Eça, ó Pessoa)
fosses tu um taberneiro
fosses tu barman de bairro
e as minhas lamúrias ouvirias
em silêncios sepulcrais
em cumplicidades divididas
com outros mortais
sob o teu semblante carrancudo
falho de acções de formação
em empresas de segunda
ou outras que tais...  
  
   
  
 

segunda-feira, julho 19, 2004

Saber perder.

                       Sem ti
 
                        E de súbito desaba o silêncio.
                        É um silêncio sem ti.
                        sem álamos,
                        sem luas.
 
                        Só nas minhas mãos
                        ouço a música das tuas.
 
                       Eugénio de Andrade, Poemas

Bom dia...

espero que te encontres bem
espero que a nossa amizade permaneça
peço a Deus que te proteja
por isso o meu bom dia...
 
rosas  
 
 

sexta-feira, julho 16, 2004

Ruth...

  
Conversei hoje contigo.
Já não houvia a tua voz e não sentia as tua respiração cheia de tonalidades há muito tempo. 
Saber identificar o que se sente requer sabedoria.
Tinhas sono e a voz suavemente cansada.
prometeste um jantar.
 
espero por aqui.
           


Sexta-feira ou a vida nova...

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E hoje, sentindo que as coisas que tinham de ser ditas foram ditas, que as coisa que tinham que ser feitas, foram feitas, sinto-me cada vez mais capaz de amar esta cruz que trago e de ser capaz de Te seguir, Senhor.  
Bem sei que me esperam quedas e deserções, e sei que o sabes e me acolhes como sou.
Peço-te Senhor, a graça de me ensinares a amar e a bendizer cruz que me deste.
Peço-te Senhor por todos aqueles que puseste no meu caminho.
 
 
Para eles, com amizade... 

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quinta-feira, julho 15, 2004

Almoço em mesas separadas.... e coisas mais sérias depois.

com amigos nos sentamos
nas mesas separadas em que almoçamos
Em mesas separadas nos sentamos
e
com pães ázimos nos deliciamos
em restaurantes indianos

como amigos partilhamos
o que
como amigos almoçamos.

como amigos nos lembramos
das sobremesas que nunca provamos
nos cafés que bebericamos

é melhor pedir a conta...

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sou uma pequena igreja (não uma grande catedral)
longe da opulência e imundície das apressadas cidades
- não me preocupo se os dias mais breves se tornam brevíssimos,não tenho pena quando o sol e chuva fazem abril

a minha vida é a vida do ceifeiro e do semeador;
as minhas orações são as orações da terra onde desajeitadas lutam
(encontrando e perdendo e rindo e chorando) as crianças
cuja qualquer tristeza ou alegria é meu tormento e meu apaziguamento

à minha volta surge um milagre de incessante
nascer e glória e morte e ressurreição:
sobre o meu ser adormecido flutuam flamejantes símbolos
de esperança, e eu acordo para uma perfeita paciência de montanhas

sou uma pequena igreja (longe do alucinado
mundo com o seu enlevo e angústia) em paz com a natureza
- não me preocupo se as noites mais longas se tornam longuíssimas;não tenho pena quando a alma se torna canto
de inverno a primavera, ergo a minha espiral diminuta para
o misericordioso Ele Cujo único agora é para sempre:
permanecendo erecto na verdade imortal da Sua Presença
(acolhendo humildemente a Sua luz e orgulhosamente as Suas trevas)

E. E. Cummings, livro de poemas

Mudanças...

Bem... mudei de aspecto. Entendo isto como cortar o cabelo ou deixar crescer a barba, enfim, os blogues também têm disto.
Curiosidade, ou talvez não, a mudança virtual também me apanhou numa fase de mudança espiritual, a julgar pelo que tenho vivido e sentido nos últimos tempos. Ontem ouvi esta frase do salmo que rezámos nas Vésperas. Deixo-a aqui porque a tenho, desde que acordei, na minha cabeça e no meu coração.

" Se o Senhor não constrói a casa, em vão se cansam os construtores"


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quarta-feira, julho 14, 2004

O dilúvio...

Parece que o meu blogue está em crise...a ver vamos se a coisa muda. deve ser da idade.

sexta-feira, julho 09, 2004

de tarde ...

Se

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem.


Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética (I, II e III)

No Jantar... para o Tom e para Filipa

Não sei como começar...
Jantaram comigo ontem a irmã e amiga(mais nova) e um amigo e irmão (mais velho).
Vou "postar" mais uma vez o que se segue. Não me ocorre nada de mais oportuno.

Para a FILIPA

Foi necessário ter perdido tudo
Para chegar à perfeição enorme
De não poder perder a confiança.
Já com riquezas vãs me não iludo.
Sei por fim que sou rico simplesmente
Das coisas que deixaram de ser minhas.

Sebastião da Gama, Itinerário Paralelo

Para o TOM

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quinta-feira, julho 08, 2004

O regresso...

É bom partir, é melhor voltar.
Se na ida se leva a dúvida, a descrença, a desilusão, a ausência e a solidão, no regresso volta-se com a paz no coração, a fé retemperada e a certeza desse encontro que se fez.
Além disso trouxe a irmã. Ele não falha.

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sexta-feira, junho 18, 2004

Sexta feira poética...

Te vi juntabas margaritas del mantel
ya sé que te traté bastante mal,
no sé si eras un ángel o un rubí
o simplemente te vi,

te vi, saliste entre la gente a saludar
los astros se rieron otra vez,
la llave de Mandala se quebró
o simplemente te vi

todo lo que diga está de más
las luces siempre encienden en el alma
y cuando me pierdo en la ciudad
vos ya sabes comprender
es solo un rato no más
tendría que llorar o salir a matar
te vi, te vi, te vi
yo no buscaba a nadie y te vi

te vi, fumabas unos chinos en Madrid
hay cosas que te ayudan a vivir
no hacías otra cosa que escribir
y yo simplemente te vi

me fui, me voy de vez en cuando a algún lugar
ya sé, no te hace gracia este país
tenías un vestido y un amor
y yo simplemente te vi...


FITO PAEZ, UN VESTIDO Y UN AMOR



quinta-feira, junho 17, 2004

Sal e luz...

Esta passagem dá que pensar. Que tenho feito eu para ser este Sal?
Se é verdade que não é pelas obras que me salvo, não é porém menos verdade que elas são e dão sinal de salvação.
A Palavra realiza-se na vida. Vivida. e dá testemunho por si.
Que tenho feito eu?...

do Evangelho segundo S. Mateus 5,13-16.

«Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro, e assim alumia a todos os que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu.»

E ontem...

Ontem estive na cabana do Pai Tomás. Jolas e Bola, roquefort e tremoço. Golo. Há tardes assim...
A noite também foi amena, à beira rio. A mim calhou-me um delírium. A moça que dançava no telhado ameaçava cair. Por sorte, bombeiros de várias nacionalidades aguardavam expectantes pela queda da vítima.

Tudo normal no país real.

quarta-feira, junho 09, 2004

Um caminho...

Foi neste caminho que me encontrei com Ele. Palavra, Liturgia, Comunidade... Prognósticos, prognósticos só no fim do caminho.

Caminho

O Poço de Jacob...

Esta é para mim uma das imagens mais fortes do Evangelho. Talvez porque no diálogo de Jesus com a mulher (samaritana) encontro respostas de esperança e fonte de alimento para as solicitações do mundo. As relações entre os homens e as mulheres são também marcadas pela sede. Procuramos quem nos dê de beber, encontramo-nos em poços ao longo da nossa caminhada. Ele deu-nos Água viva.

Poço

segunda-feira, junho 07, 2004

O meu amigo Tom...

Há amizades antigas que perduram outras que se desvanecem. O tempo e as circunstâncias as fazem e desfazem. O meu amigo Tom é daquelas amizades que se têm tempo curto saboreiam-se como as longas. Deve ser da paciência com que me ouve e da voz calma com que me dá a sua presença.E ainda há os que se sorriem quando eu digo que "Deus dá". Dá e não é pouco. A mim deu-me o meu amigo Tom. Como vai de viagem, sente-se saudades antigas. fica a promessa de nos revermos em tempo útil. Aqui fica lançado o assunto (entre outros ou os mesmos)da próxima conversa de café (água-limonada)...

Foi necessário ter perdido tudo
Para chegar à perfeição enorme
De não poder perder a confiança.
Já com riquezas vãs me não iludo.
Sei por fim que sou rico simplesmente
Das coisas que deixaram de ser minhas.

Sebastião da Gama, Itinerário Paralelo




Oferta para uma beleza matinal...

Quando, entre uma meia de leite e um queque de maçã a beleza matinal me atinge e me deixa esquecido das quimeras dores, só me dá para dar graças pela tua presença. Bom dia.


“Quando me disseste,
eu fico,
conjuguei todos os pronomes
do indicativo.

Quando me disseste,
eu parto,
fiquei deveras sozinho.


Ruy Cinatti, Memória Descritiva

sábado, junho 05, 2004

A Nova Evangelização...

Aos (meus amigos e amigas) que não crêem, aos que crêem, aos que buscam, e aos que desesperam na busca e aos que caminham certos que encontraram o caminho, aqui fica uma oração minha em forma de imagem...

Nova Evangelização

quinta-feira, junho 03, 2004

Homens...

Gosto deste... e é tudo.


Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens sem fuso horário
Homens agitados sem bússola onde repousem

Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas

Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se como facas

Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar

(...)

Não levantemos os homens que se sentam à saída
Porque se movem em seus carreiros interiores
Equilibram com dificuldade uma ideia
Qualquer coisa muito nítida, semelhante
A uma folha vazia
E põem ninhos nas árvores para se libertarem
Da gaiola terrível, invisível muitas vezes
De tão dura
Não nos aproximemos dos homens que põem as mãos nas grades
Que encostam a cabeça aos ferros
Sem outras mãos onde agarrar as mãos
Sem outra cabeça onde encostar o coração
Não lhes toquemos senão com os materiais secretos
Do amor.
Não lhes peçamos para entrar
Porque a sua força é para fora e a sua espera
É a fé inabalável no mistério que inclina
Os homens para dentro
Não os levantemos
Nem nos sentemos ao lado deles. Sentemo-nos
No lado oposto, onde eles podem vir para erguer-nos
A qualquer instante


Daniel Faria, homens que são como lugares mal situados



O AMOR DE DEUS E DOS HOMENS

Este é o diálogo entre Jesus e um escriba relatado no evangelho de S.Marcos. Inevitávelmente coloco-me na pele do escriba. Hoje, tal como ontem, este "mandamento" faz mossa nas priordades que coloco na minha vida. parece-me que cada vez mais importante entender o sentido profundo da resposta de Jesus. "escuta Israel"...


Evangelho segundo S. Marcos 12,28-34.

Aproximou-se dele um escriba que os tinha ouvido discutir e, vendo que Jesus lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» Jesus respondeu: «O primeiro é: Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor; amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças. O segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes.» O escriba disse-lhe: «Muito bem, Mestre, com razão disseste que Ele é o único e não existe outro além dele; e amá-lo com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo vale mais do que todos os holocaustos e todos os sacrifícios.» Vendo que ele respondera com sabedoria, Jesus disse: «Não estás longe do Reino de Deus.» E ninguém mais ousava interrogá-lo.

quarta-feira, junho 02, 2004

TÁBUA E PREGOS

Era uma vez um rapazinho que tinha um temperamento muito explosivo.Um dia, o pai deu-lhe um saco cheio de pregos e uma tábua de madeira. Disse-lhe que martelasse um prego na tábua cada vez que perdesse a paciência com alguém.
No primeiro dia o rapaz pregou 37 pregos na tábua. Já nos dias seguintes, enquanto ia aprendendo a controlar a ira, o número de pregos martelados por dia foram diminuindo gradualmente. Ele foi descobrindo que dava menos trabalho controlar a ira do que ter que ir todos os dias pregar vários pregos na tábua... Finalmente chegou o dia em que não perdeu a paciência uma vez que fosse.
Falou com o pai sobre seu sucesso e sobre como se sentia melhor por não explodir com os outros. O pai sugeriu-lhe que retirasse todos os pregos da tábua e que lha trouxesse. O rapaz trouxe então a tábua, já sem os pregos, e entregou-a ao pai. Este disse-lhe:
- Estás de parabéns, filho! Mas repara nos buracos que os pregos deixaram na tábua. Nunca mais ela será como dantes. Quando falas enquanto estás com raiva, as tuas palavras deixam marcas como essas. Podes enfiar uma faca em alguém e depois retira-la, mas não importa quantas vezes peças desculpas, a cicatriz ainda continuará lá. Uma agressão verbal é tão violenta como uma agressão física. Amigos são jóias raras, cada vez mais raras. Eles fazem-te sorrir e encorajam-te a alcançar o sucesso. Eles emprestam-te o ombro, compartilham os teus momentos de alegria, e têm sempre o coração aberto para ti.


Uma amizade bonita enviou-me esta história. Já a conhecia. Mas, desta vez fiquei a pensar nela com mais cuidado. Um Pai, um filho, um caminho de mudança, madeira e pregos. É engraçado mas, para mim, esta história tem personagens e imagens que me atiram para outros "lugares", para outra "história".
A lição parece ser simples e vai directa à nossa consciência humana. A ofensa deixa marcas e, tal como um prego, ela pode ser retirada mas a "ferida" fica lá, funda e inevitável. E agora? o que fazer com a tábua? É aqui que na outra história surge uma esperança. Na outra história, que esta história por ser tão humana não alcança, o perdão, a reconciliação e a conversão feita numa intimidade com o Amor de Deus tornam sempre a tábua limpa. Não é simples entender. Mais dificil é de alcançar. Mas este mistério tão profundo e tão simples encontro-o na cruz. Pregos, tábuas e ofensas não foram mais forte que o Amor.
Ainda não consegui "explicar" ao meu filho o alcance da Confissão e da intimidade com Deus que ela alcança. Talvez começe com a madeira e com os pregos... Mas tentarei não o deixar sozinho com uma tábua esburacada.

sexta-feira, maio 28, 2004

Hoje o meu filho faz 8 anitos. Parabéns Sebastião por este dia !

Dou graças a Deus por ter posto a tua vida no caminho da minha vida. Sem ti seria muito mais pobre. Contigo tenho aprendido muito. Ser pai é um mistério. Hoje sei que este amor que te tenho, nasceu cá dentro, mas não da minha vontade. Foste tu quem despertou em mim um amor incondicional, livre, feliz. Gosto tanto de te ver crescer, de brincar contigo, de te dar beijinhos e abraços.Contigo aprendi a sentir e a experienciar um pouco do Amor de Deus pelos Homens. Deve ser também assim...
Hoje é dia de dar graças a Deus pelo dom da vida, da tua vida, da minha vida.
Um beijo muito grande do teu pai.

sábado, maio 15, 2004


sexta-feira, maio 14, 2004

E novamente. A senhora não pára de me surpreender. Desta feita, retiro um excerto que vem sempre a propósito quando a respeito dos media nos pomos a pensar em que lugar devemos pôr os jornais.Nos dias que correm, podemos acrescentar sem grande perda de exactidão, a televisão e os seus arautos... Aqui fica Agustina Bessa-Luís in " O mistério da Légua da Póvoa"

"... Nunca se deve dizer a verdade em público, foi para isso que os jornais se inventaram. Sabe porquê? A verdade não se pode acolher em nossa casa. É como a santidade. Os sinónimos de santo são terrível ou ciumento( Jos.24,19). Não há maior desejo que o desejo da verdade. Mas ela inspira terror, ninguém a quer ter por hóspede, nem sequer por vizinho.(...) Um jornal é uma terapêutica do estímulo. cria uma proximidade com o sofrimento para exaltar a sensibilidade do leitor e dar ao princípio da vida forças novas e resistências redobradas. É um factor cultural.
- O que é um factor cultural?
- A dor. Tudo o mais é uma quimera."

quinta-feira, maio 13, 2004

Blogeando por aí, dou de caras com a "terra da alegria" (espero que o meu amigo Miguel me ajude a linkar isto como deve ser). Num post do José do "Guia dos perplexos" vi este texto que não posso deixar de concordar e do qual retiro este excerto que me parece muito elucidativo. Dá que pensar... Na verdade penso até que (sem qualquer alarmismo, mas com muita esperança) estes tempos em que vivemos são muito semelhantes aos das primitivas comunidades cristãs.

"...E a minha opinião é a de que nestes últimos 30 anos, com uma suma habilidade, resultante não só das qualidades da hierarquia como também duma experiência acumulada duas vezes milenar, a Igreja Católica portuguesa concentrou a sua melhor atenção em duas entidades:
- o Estado, para melhor a ele se acomodar e evitar repetições de desvarios passados e também, seguramente, para o levar a não descurar a vertente social e sociológica de que se tornou paladina tal como para evitar nele desvios secularizantes ou anti-doutrinais excessivamente óbvios e formais.
- a base sociológica de crentes pré-existente na altura do 25 de Abril, e por cujas necessidades de assistência espiritual e ritual a Igreja tem velado com eficiência satisfatória, mau grado as óbvias dificuldades de recrutamento de novos sacerdotes.
Ora, a minha ideia é que por muito se ter focado nestas duas vertentes, a Igreja, passou ao lado dum fenómeno de grande magnitude cujas consequências estarão ainda para vir, mas que irão alterar completamente a relação da Igreja com o Estado e o posicionamento dos crentes católicos no ambiente sociológico português. Eu não digo que a Igreja não detectou o fenómeno. Detectou-o com certeza, mas o facto é que concentrou os recursos da sua inteligência colectiva na observação, assistência e “acompanhamento” das duas entidades atrás referidas.
O fenómeno de que estou a falar é a drástica evolução, não política, não económica, mas sobretudo sociológica e cultural ocorrida nestes últimos 30 anos, que levou por exemplo a uma profunda descatolicização e crescente agnosticização das novas gerações, o que começa já a ter consequências visíveis. Por ter estado tão atenta à potencial secularização do Estado, a Igreja viu acontecer, com protesto seu mas sem acção consequente, uma profunda secularização do tecido social português. Vemos um Estado ainda reverente (daí a cadeira) mas uma população indiferente. A tal ponto que já hoje e a partir de hoje, ser Igreja e ser católico nesta sociedade portuguesa é e será algo de radicalmente diferente do que foi no passado.
E a ideia que tenho é que muitos católicos leigos já sentem isto diariamente mas a Igreja, essa, enquanto instituição, não estou seguro que tenha percebido plenamente a nossa nova condição minoritária.

José (GUIA DOS PERPLEXOS) in terradaalegria.blogspot.com

terça-feira, maio 11, 2004

A respeito da paz que o mundo me oferece e da paz que procuro...


«Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não é como a dá o mundo, que Eu vo-la dou. Não se perturbe o vosso coração nem se acobarde.
Ouvistes o que Eu vos disse: 'Eu vou, mas voltarei a vós.' Se me tivésseis amor, havíeis de alegrar-vos por Eu ir para o Pai, pois o Pai é mais do que Eu.
Digo-vo-lo agora, antes que aconteça, para crerdes quando isso acontecer.
Já não falarei muito convosco, pois está a chegar o dominador deste mundo; ele nada pode contra mim, mas o mundo tem de saber que Eu amo o Pai e actuo como o Pai me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui!»
Evangelho segundo S. João 14,27-31.

e já agora a interpretação desta passagem do Evangelho de S.João feita por S. Serafim de Sarov (1759-1833), monge russo,nas suas Homilias...

A paz em Jesus Cristo
Não há nada de melhor do que a paz em Jesus Cristo...Quando o homem alcança o estado de paz, faz radiar sobre os outros a luz de uma razão iluminada. Antes ele deve repetir estas palavras: “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho”. (Mt 7,5)Esta paz, este tesouro inestimável, nosso Senhor Jesus Cristo deixou-a aos seus discípulos antes da sua morte.Devemos esforçarmo-nos por todos os meios por guardar a paz da alma e não sermos perturbados pelas ofensas que vêm do próximo. É preciso suportar as ofensas com indiferença e criar uma disposição de espírito, como se essas ofensas não nos dizessem respeito e se dirigissem a outras pessoas.Este exercício pode assegurar ao coração humano a tranquilidade a aí fazer uma morada de Deus. Se é impossível não se inquietar é preciso procurar pelo menos segurar a língua, segundo o salmista: “Na minha agitação eu não podia falar” (Sl 76,5).Para guardar a paz da alma, é necessário banir o desânimo, é necessário procurar ter um espírito alegre, e isento de tristeza. Quando o homem tem grande falta do que é necessário para o corpo, é-lhe difícil de dominar o desencorajamento; isso diz respeito evidentemente às almas fracas.Para conservar a paz interior, é preciso também evitar cuidadosamente censurarmos os outros. Conserva-se a paz não julgando o próximo, guardando silêncio. Neste estado, o espírito recebe as revelações divinas.O homem que está empenhado em seguir a via da atenção interior, deve antes de tudo ter o temor de Deus, que é o começo da sabedoria.No seu espírito devem estar sempre gravadas estas palavras proféticas: “Servi o Senhor com temor, exultai de alegria mas com tremor” (Sl 2,11).

quinta-feira, abril 29, 2004

Confesso que nunca fui grande leitor da senhora. Talvez porque a tenha conhecido (à obra) através da minha cara professora Maria Cavaco e Silva ( que Deus poupe o já martirizado povo Tuguenho e não a faça 1ªDama) lá nos idos finais de oitentas num ano zero de má memória ( ele há anos na vida de uma pessoa que teimam em ser mesmo abaixo de zero) ...
Bom, mas dizia eu que tinha ficado com o trauma da velha senhora, que em 88 já era velha, porque tinha sido obrigado a engolir a "A Sibila" e desde esse ano nunca mais quis nada com a letras daquelas. Eis que se não quando, dei comigo a folhear um trabalho menor. Um folhetim encomendado à senhora, " O Mistério da Légua da Póvoa" de seu nome.Confesso que a minha muralha de preconceito foi caindo e estou rendido à pena da velha senhora, embora um folhetim seja (assumidamente no caso) sempre uma obra menor. Mas uma delícia em todo o caso.
E de vez em quando tropeçamos em pérolas destas... Agustina no seu melhor. Permitam-me...

" É quase impossível na natureza humana erradicar a vaidade. O poder aguça essa paixão. A mais insubmissa de todas. Se o vício do dinheiro se adianta a todos os outros, se é mais indestrutível do que a droga, a vaidade é mais insinuante, mais acordada, tem mais artifícios do que todos os paraísos artificiais. (...) O amor conta pouco na carreira dos vaidosos. É um detalhe e, se Deus está nos detalhes, como disse um arquitecto célebre, a excepção é feita para os vaidosos, que, valha a verdade, conspiram com Deus e não lhe fazem preces."

Enfim... dá que pensar a senhora Agustina.

terça-feira, abril 06, 2004

Para o meu filho Sebastião...

Pelo baptismo que vais receber, ainda que hoje não o
entendas, sei que um dia vais entender plenamente
com todo o teu coração, e com toda a tua inteligência
porque Ele não te abandonará nunca...
Do teu pai que te ama muito.

Ítaca

Quando partires de regresso a Ítaca,
deves orar por uma viagem longa,
plena de aventuras e de experiências.
Ciclopes, Lestrogónios, e mais monstros,
um Poseidon irado – não os temas,
jamais encontrarás tais coisas no caminho,
se o teu pensar for puro, e se um sentir sublime
teu corpo toca e o espírito te habita.
Ciclopes, Lestrogónios, e outros monstros,
Poseidon em fúria – nunca encontrarás,
se não é na tua alma que os transportes,
ou ela os não erguer perante ti.

Deves orar por uma viagem longa.
Que sejam muitas as manhãs de Verão,
quando, com que prazer, com que deleite,
entrares em portos jamais antes vistos!
Em colónias fenícias deverás deter-te
para comprar mercadorias raras:
coral e madrepérola, âmbar e marfim,
e perfumes subtis de toda a espécie:
compra desses perfumes quanto possas.
E vai ver as cidades do Egipto,
para aprenderes com os que sabem muito.

Terás sempre Ítaca no teu espírito,
que lá chegar é o teu destino último.
Mas não te apresses nunca na viagem.
É melhor que ela dure muitos anos,
que sejas velho já ao ancorar na ilha,
rico do que foi teu pelo caminho,
sem esperar que Ítaca te dê riquezas.

Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca não terias partido.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te.

Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.
Sábio como és agora, senhor de tanta experiência,
terás compreendido o sentido de Ítaca.


Konstantinos Kavaphis, 1911

segunda-feira, março 22, 2004

Ainda que eu falasse línguas,
as dos homens e dos anjos,
se não tivesse amor,
seria como sino ruidoso
ou como címbalo estridente.
Ainda que tivesse o dom
da profecia,
o conhecimento de todos
os mistérios e de toda a ciência;
ainda que tivesse toda a fé,
a ponto de transportar montanhas, se não tivesse amor,
nada seria.
Ainda que eu distribuísse
todos os meus bens aos famintos,
ainda que entregasse
o meu corpo às chamas,
se não tivesse amor,
nada disso me adiantaria.
O amor é paciente,
o amor é prestativo;
não é invejoso, não se ostenta,
não se incha de orgulho.
Nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse, não se irrita,
não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça,
mas regozija-se com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais passará.
As profecias desaparecerão,
as línguas cessarão,
a ciência também desaparecerá.
Pois o nosso conhecimento
é limitado;
limitada é também a nossa profecia.
Mas, quando vier a perfeição,
desaparecerá o que é limitado.
Quando eu era criança,
falava como criança,
pensava como criança,
raciocinava como criança.
Depois que me tornei adulto,
deixei o que era próprio de criança.
Agora vemos como em espelho
e de maneira confusa;
mas depois veremos face a face.
Agora o meu conhecimento
é limitado,
mas depois conhecerei
como sou conhecido.
Agora, portanto,
permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e o amor.
A maior delas, porém, é o amor.

1ª Carta de São Paulo aos Coríntios, 13

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

bom dia nevoeiro!

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Afinal havia "outros".

É engraçado pensar que o que nos aconteceu se assemelha em muito ao que acontece aos imigrantes. Ainda por cima, se tivermos em conta a natureza do nosso trabalho. É mais engraçado ainda, constatar que ninguém fez esta analogia, ainda que as possibilidades de o fazer estivessem mesmo debaixo dos nossos narizes. Em vez de reflectir-mos sobre as nossas póprias mas procedemos de uma forma muito "natural", ou seja, muito "cultural" nas formas que encontrámos nos integrar no desconhecido, "agarrando-nos", uns aos outros, utilizando e reforçando a nossa identidade organizacional (em franca derrapagem).
Ao início, as nossas representações do "outro" que nos ia assimilar e absorver preencheram as nossas conversas. Os nossos medos e fantasmas criaram asas e voaram livremente, depois, foi ver as "estratégias" de sobrevivência que fomos elaborando, as alianças que fomos fazendo, e, pasme-se, torná-mo-nos mais unidos e solidários, claro que é uma "união" temporária e só vale até cada um ou cada "sub-grupo" encontrar o seu lugar na hierarquia da organização de "acolhimento".

quinta-feira, janeiro 15, 2004

E nestas manhãs chuvosas o espírito divaga na neblina matinal sem que o torpor do corpo consiga sair ou deixar sair algo de produtivo que me alegre a marcha...

lembrei-me que o melhor do Público é mesmo a tira do Calvin... Já não há notícias neste país que me alegrem...
Vivo numa terra deprimida, com pessoas deprimidas e não consigo deixar de me tornar mais um "dêprê"
Como seria interessante saber fazer comentários sobre a actualidade política ou mesmo discorrer sobre temas filosofáveis... mas não. da minha pobre pena só saem desabafos inconsequentes... a ver se melhoro com os passar do tempo.

quarta-feira, janeiro 14, 2004

há uma coisa que me perturba as manhãs e não sei se são as tuas palavras ou se é esta minha dificuldade em enfrentar os dias em filas de carros, ainda qua na marginal...
a irritação matinal e o pára-arranca deixam-me num stresssssssssssss
abençoado comboio
a sign of love behind the tears...
ainda chove lá fora...
e eu cá dentro
sem dar com isto...
este dia azul ficou cinzento...
é nesta ambigua existência que vivo

lucy in the sky with diamonds...