com amigos nos sentamos
nas mesas separadas em que almoçamos
Em mesas separadas nos sentamos
e
com pães ázimos nos deliciamos
em restaurantes indianos
como amigos partilhamos
o que
como amigos almoçamos.
como amigos nos lembramos
das sobremesas que nunca provamos
nos cafés que bebericamos
é melhor pedir a conta...
sou uma pequena igreja (não uma grande catedral)
longe da opulência e imundície das apressadas cidades
- não me preocupo se os dias mais breves se tornam brevíssimos,não tenho pena quando o sol e chuva fazem abril
a minha vida é a vida do ceifeiro e do semeador;
as minhas orações são as orações da terra onde desajeitadas lutam
(encontrando e perdendo e rindo e chorando) as crianças
cuja qualquer tristeza ou alegria é meu tormento e meu apaziguamento
à minha volta surge um milagre de incessante
nascer e glória e morte e ressurreição:
sobre o meu ser adormecido flutuam flamejantes símbolos
de esperança, e eu acordo para uma perfeita paciência de montanhas
sou uma pequena igreja (longe do alucinado
mundo com o seu enlevo e angústia) em paz com a natureza
- não me preocupo se as noites mais longas se tornam longuíssimas;não tenho pena quando a alma se torna canto
de inverno a primavera, ergo a minha espiral diminuta para
o misericordioso Ele Cujo único agora é para sempre:
permanecendo erecto na verdade imortal da Sua Presença
(acolhendo humildemente a Sua luz e orgulhosamente as Suas trevas)
E. E. Cummings, livro de poemas