quarta-feira, março 08, 2006

"O sinal de Jonas"

No comentário a uma passagem do Evangelho de S Lucas feito pelo Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, num Retiro pregado no Vaticano em 1983 é expressa de uma forma central, um dos ponto essenciais do cristianismo, senão mesmo o ponto fundamental. A conversão, no sentido mais profundo e radical da palavra. No contexto do mundo de hoje vale a pena afirmar com coragem e lucidez que sem conversão tudo o resto é mais do mesmo, ou como dizia um amigo meu, ou há conversão ou há “cócegas” ao coração. Mesmo entre os cristãos que conheço, isto não é claro. Mas devia ser.


Lc 11,29-32.
Como as multidões afluíssem em massa, começou a dizer: «Esta geração é uma geração perversa; pede um sinal, mas não lhe será dado sinal algum, a não ser o de Jonas. Pois, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o será também o Filho do Homem para esta geração. A rainha do Sul há-de levantar-se, na altura do juízo, contra os homens desta geração e há-de condená-los, porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; ora, aqui está quem é maior do que Salomão! Os ninivitas hão-de levantar-se, na altura do juízo, contra esta geração e hão-de condená-la, porque fizeram penitência ao ouvir a pregação de Jonas; ora, aqui está quem é maior do que Jonas.»


Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI] Retiro pregado no Vaticano em 1983
"Esta geração pede um sinal". Também nós esperamos a manifestação, o sinal do sucesso, tanto na história universal como na nossa vida pessoal. Por isso, perguntamos se o cristianismo transformou o mundo, se produziu esse sinal de pão e de segurança de que falava o diabo no deserto (Mt 4,3s). De acordo com a interpretação de Karl Marx, o cristianismo dispôs de tempo suficiente para estabelecer a prova dos seus princípios, para provar o seu sucesso, para demonstrar que criou o paraíso terrestre; para Marx, depois de todo este tempo, seria necessário apoiar-nos agora em princípios diferentes.
Esta argumentação não deixa de impressionar muitos cristãos que chegam a pensar que seria necessário, pelo menos, inventar um cristianismo muito diferente, um cristianismo que renunciasse ao luxo da interioridade, da vida espiritual. Mas é precisamente assim que eles impedem a verdadeira transformação do mundo, que se baseia num coração novo, num coração vigilante, um coração aberto à verdade e ao amor, um coração libertado e livre.
Na raiz deste pedido descarado de um sinal está o egoísmo, a impureza de um coração que só espera de Deus o sucesso pessoal e uma ajuda para afirmar o absoluto do eu. Esta forma de religiosidade é a recusa absoluta de conversão. Mas quantas vezes não dependemos nós mesmos do sinal do sucesso! Quantas vezes não reclamamos o sinal e recusamos a conversão!

quinta-feira, março 02, 2006

Para esta Quaresma, para toda a vida.

«Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me. Pois, quem quiser salvar a sua vida há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por minha causa há-de salvá-la. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, perdendo-se ou condenando-se a si mesmo?

Lc 9,23-25.