quarta-feira, setembro 29, 2004

Os Anjos do Senhor

Hoje a Igreja celebra os Arcanjos S. Gabriel, S. Rafael e S. Miguel.

Na Páscoa passada o meu filho Sebastião foi baptizado. Nessa altura, escolhi o Arcanjo S. Gabriel para seu padrinho. Hoje, reafirmo esta "minha" escolha.
Não sei muito bem se a existência dos Anjos é "real" ou se, pelo contrário, é fruto de um "processo cultural" de representação e figuração das manifestações de Deus ao longo da História (dos Homens e da Igreja). Haveria, com certeza, muito a dizer sobre estes seres (ou representações) mas na verdadade,tudo "isso", e apesar do enorme interesse do tema, perde importância e peso face ao sentido que o baptismo do Sebastião tem para a minha vida e para a dele. Nesta Páscoa senti que Deus me chamava a deixar nas sua mãos a vida do meu Sebastião. A confiar na sua fortaleza. E quem melhor que a "Fortaleza de Deus" para estar com o meu filho?



«Bendizei o Senhor, todos os seus anjos, poderosos executores das suas ordens» (Sl 102, 20)
Que existem Anjos, muitas páginas da Escritura o atestam. Deveis saber que a palavra “Anjo” designa uma função, não uma natureza: ser mensageiros. Os que transmitem mensagens de maior transcendência chamam-se “Arcanjos”. Esta é a razão pela qual o Arcanjo Gabriel foi enviado à Virgem Maria; de facto, era justo que para esta missão fosse enviado um Anjo superior, porque vinha anunciar a maior de todas as mensagens.De igual modo, quando se trata de realizar algum mistério que exige um poder especial, verifica-se que é Miguel o enviado. De facto, a sua acção e o seu nome, que quer dizer “Quem como Deus?”, dão a entender aos homens que ninguém pode fazer o que só a Deus pertence realizar. Por isso, aquele antigo inimigo, que na sua soberba pretendeu ser semelhante a Deus, dizendo: “Subirei até ao céu, levantarei o meu trono acima dos astros e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14,13), será abandonado a si mesmo no fim do mundo e condenado ao extremo suplício. É este que S. João no Apocalipse nos apresenta a combater contra o Arcanjo Miguel: “Travou-se um combate no Céu contra o Arcanjo Miguel” (12,7).À Virgem Maria foi enviado Gabriel, que significa “Fortaleza de Deus”, porque veio anunciar aquele que, apesar da sua aparência humilde, havia de triunfar sobre os poderes superiores. Convinha, de facto, ser anunciado pela “Fortaleza de Deus” Aquele que vinha ao mundo como Senhor dos Exércitos e poderoso nas batalhas (Sl 23, 8). Quanto ao Arcanjo Rafael, seu nome significa “Medicina de Deus”, como se compreende na missão que teve junto de Tobias: tocou-lhe os olhos como um médico e dissipou as trevas da cegueira (Tb 11,17). Por isso, aquele que foi enviado para curar, é chamado “Medicina de Deus”.

São Gregório Grande (c. 540-604), papa e doutor da Igreja Homilias sobre o Evangelho

sexta-feira, setembro 03, 2004

Aos meus amigos...

Apanhei este "vinicius" de uma amiga e zás! dedico-o aos meus (muito) amigos, que nãopreciso listar.
Sim, também tenho uma lista disto.
e é tudo, bom fim de semana...

Procura-se alguém!

Basta que seja humano, basta ter sentimento, basta ter coração...
Precisa saber falar e saber calar, sobretudo saber ouvir...
Tem de gostar de poesia, da madrugada, de pássaros, do Sol, da Lua, do canto dos ventos e da canção das brisas do mar...

Deve ter amor por alguém, um grande amor, ou então sentir a sua falta...
Deve amar o próximo e respeitar a dor que todos os passantes levam consigo...
Deve guardar um segredo sem se sacrificar...
Não é preciso que seja de primeira mão, nem imprescindível que seja de segunda...
Pode já ter sido enganado – todas as pessoas já foram enganadas!Não é preciso que seja puro, nem de todo impuro, mas não deve ser vulgar...
Deve ter um ideal e medo de o perder...
E no caso de assim o não ser, deve sentir o grande vazio que isto deixa...
Tem de ter ressonâncias humanas: errar e chorar! Acertar e rir!
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários...
Deve ser um D.Quixote, sem contudo, desprezar o Sancho...

Procura-se Alguém, para gostar dos mesmos gostares...
Que se comova, quando chamado de Amigo...
Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e de recordações de infância...

Procura-se Alguém, para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, do sonho e da realidade...
Deve gostar de ruas desertas, de poças de chuva e de caminhos molhados de beira de estrada, do mato depois das chuvas, e de se deitar na relva...

Procura-se Alguém para se parar de chorar...
Para não se viver debruçado no passado, em busca de memórias queridas...
Que não voltam mais.
Que nos bata no ombro, sorrindo e chorando, mas que nos chame de Amigo...
Procura-se Alguém que creia em nós!

Vinicius de Morais

quinta-feira, setembro 02, 2004

De Regresso...

Depois do intervalo, das férias e da desinspiração, estou de volta ao terceiro irmão. Este tempo sem "postar" foi sem dúvida um tempo para reflectir, para tomar decisões e para fazer uma pausa nas rotinas (inclusivé escrever no blog). Estive em observação interna. Estive também com o Sebastião e com a Carolina ( e disto falarei mais tarde).
É sobretudo para mim, mas também para eles que "posto" este comentário do Cardeal John Henry Newman, que acho que acerta na "mouche" .
Às vezes não é preciso grandes elaborações teológicas para compreender coisas simples...

"... Ao longo de toda a nossa vida, Cristo chama-nos. Seria bom que tivéssemos consciência disso, mas somos lentos para compreender esta grande verdade, que Cristo caminha de alguma forma no meio de nós e que, com a sua mão, os seus olhos, a sua voz, nos ordena que o sigamos. Ora nós sem seguer nos damos conta do seu apelo que se faz ouvir neste mesmo instante. Pensamos que ele teve lugar no tempo dos apóstolos; mas não acreditamos que é também para nós, não o esperamos. Não temos olhos para ver o Senhor e, nisso, somos muito diferentes do discípulo amado que distinguiu a voz de Cristo, mesmo quando os outros apóstolos não foram capazes de O reconhecer (Jo 21,7).Contudo, podes ter a certeza: Cristo olha para ti, sejas tu quem fores. Chama-te pelo teu nome. Vê-te e compreende-te, Ele que te criou. Tudo o que há em ti, Ele o sabe: todos os teus sentimentos e os pensamentos que te são próprios, as tuas inclinações, os teus gostos, a tua força e a tua fraqueza. Vê-te nos teus dias de alegria, tal como nos dias de sofrimento. Interessa-se por todas as tuas angústias e recordações, por todos os entusiasmos e desânimos do teu espírito. Envolve-te com os seus braços e ampara-te; levanta-te e faz-te descansar. Contempla o teu rosto, quer sorrias, quer chores, na saúde ou na doença. Olha para as tuas mãos e para os teus pés, ouve a tua voz, o batimento do teu coração, até mesmo o teu sopro. Tu não te amas mais do que Ele te ama."


Cardeal John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo Sermões paroquiais simples