quarta-feira, março 16, 2005

A verdade que liberta

Num tempo de grandes confusões e de tremenda desinformação, de avidez de imediato e de uma curiosidade pelas "coisas do além", quantas vezes procurada de uma forma superficial, descubro que continuamos todos numa busca movida pelo apelo que Deus colocou no coração dos Homens. Esta procura sentida e exteriorizada de muitas formas, é também o aspecto visível de um encontro marcado com a Verdade, que não é o mesmo que dizer com a Morte.
Este excerto sobre a "verdade que liberta", retirado da mensagem de João Paulo II, deixo-o e reservo-o como orientação, para aquelas conversas que tenho com os meus amigos e amigas algumas vezes em torno de temas "bicudos", que normalmente acabam em incompreensões e surdez mútua.
Sei que todos procuramos a Verdade e que todos aspiramos à Liberdade, e que na diversidade das culturas, dos Homens e dos tempos que correm, essa busca assume muitas formas de ser, estar e sentir. Alguns dos meus amigos remetem sempre essa busca para a esfera da sua individualidade, como se caminhassem sozinhos. Tenho entendido, que o sentido da mensagem de Jesus não me deixa a palmilhar a vida na solidão.
Nesta minha procura pela Verdade tenho entendido que a certeza do Amor incondicional de Deus é a certeza primeira de que o Caminho da Verdade e da Vida, é feito sempre em comunhão com Deus e num sentido de intimidade com esse Amor que é antes de mais um Amor pelos Homens, uma história de Amor por mim. A história de Deus com os Homens é uma história de Amor.
Amor, Verdade e Liberdade. O primeiro gesto foi Dele. O nosso anseio de procura está "plantado" nos nossos corações, por isso buscamos a Verdade.
..."Jesus Cristo vai ao encontro dos homens de todas as épocas, incluindo a nossa, com as mesmas palavras:
“Vós conhecereis a verdade e a verdade tornar-vos-á livres”
Estas palavras contêm uma exigência fundamental e ao mesmo tempo um aviso:
a exigência de honestidade face a face com a verdade como condição de uma autêntica liberdade; e também o aviso de evitar toda a liberdade aparente, toda a liberdade superficial e unilateral, toda a liberdade que não vai ao fundo da verdade sobre o homem e sobre o mundo.Ainda hoje, após dois mil anos, Cristo nos aparece como aquele que liberta o homem daquilo que limita, diminui e por assim dizer destrói esta liberdade suas raízes, no espírito do homem, no seu coração, na sua consciência.
Que prova admirável de tudo isto deram e não cessam de dar aqueles que, por Cristo e em Cristo, chegaram à verdadeira liberdade e deram testemunho disso, mesmo em condições de constrangimento exterior!
E assim que o próprio Jesus Cristo compareceu como prisioneiro no tribunal de Pilatos, não respondeu ele:
“Para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade” (Jo 18,37)?
Por estas palavras pronunciadas diante do juiz no momento decisivo, ele confirmou por assim dizer uma vez mais o que já tinha dito:
“Vós conhecereis a verdade e a verdade tornar-vos-á livres”.
Ao longo dos séculos e das gerações, a começar pelo tempo dos apóstolos, não foi o próprio Jesus Cristo, que se comparou tanta vez aos homens condenados por causa da verdade? Será que ele cessará de ser sempre o porta-palavra e o advogado do homem que vive “em espírito e em verdade” (Jo 4,23)? "
João Paulo II, in Redemptor Hominis