sexta-feira, abril 21, 2006

Ressurreição, hoje.

A propósito desta Páscoa e da Ressureição do Senhor.
Foi fantástica a vigília em família, a minha mulher, a presença das crianças, os irmãos, enfim, dos pequenos milagres que das mortes se tornaram vida.
É também por isto que sei que Ele está vivo e no meio de nós.
Já agora, o Cardeal Newman dá uma mãozinha para entender esta coisa da ressurreição para os dias que correm.


Cardeal John Henry Newman (1801-1890), sacerdote, fundador de comunidade religiosa, teólogo PPS vol. 8, n°2
“.... Só lentamente nos apercebemos desta grande e sublime verdade: Cristo continua, de alguma maneira, a caminhar no meio de nós, e faz-nos sinal para o seguirmos com a sua própria mão, o seu olhar, a sua voz. Nós não compreendemos que este chamamento de Cristo tem lugar todos os dias, hoje como outrora. Temos tendência para nos convencermos de que ele se verificava no tempo dos apóstolos, mas não cremos que, hoje, se nos aplique, não procuramos detectá-lo a nosso respeito. Deixámos de ter olhos para ver o Mestre – somos muito diferentes do apóstolo amado, que reconheceu Cristo mesmo quando os outros discípulos O não reconheceram. E, contudo, era Ele que estava na margem; foi depois da ressurreição, quando lhes ordenou que lançassem a rede ao mar; foi então que o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!”
O que pretendo dizer é que, de vez em quando, os homens que vivem uma vida de crentes se apercebem de verdades que ainda não tinham visto, ou para as quais nunca lhes tinham chamado a atenção. E, de repente, elas apresentam-se diante deles como um apelo irresistível. Ora, trata-se de verdades que nos obrigam, que assumem o valor de preceitos, e que exigem obediência. É desta maneira, ou ainda de outras, que Cristo hoje nos chama. Não há nada de miraculoso ou de extraordinário nesta forma de actuar. Ele age por intermédio das nossas faculdades naturais e por meio das próprias circunstâncias da vida.”