terça-feira, maio 09, 2006

Do Silêncio II

Muitos de nós quando se fala da Igreja pela positiva, imediatamente nos viramos, quase sempre, para o exemplo de Madre Teresa de Calcutá. Ora porque gostamos do seu exemplo de humanidade e humildade, ora porque nos aparece sempre como uma "personagem" cheia de vida e de acção, sempre em grande bulício, muito ao estilo de vida dos dias de hoje, como a demonstração acabada de alguém que não era "beata" e de andar sempre em rezinhas, bem antes pelo contrário. É bem verdade que a sua obra dá conta da sua vida, da forma como doou a sua existência aos mais pobres. Mas enganamo-nos muito, se acharmos que a sua força vinha de si mesma ou das suas ambições pessoais. Vinha antes, de uma fé inabalável no Amor de Deus.
E essa fé era alimentada no silêncio e na Oração.


" Acharás certamente que é difícil rezar se não souberes como o fazer.
Cada um de nós deve ajudar-se a rezar: em primeiro lugar, recorrendo ao silêncio, porque não podemos pôr-nos em presença de Deus se não praticarmos o silêncio, tanto interior como exterior.
Fazer silêncio dentro de nós mesmos não é fácil, mas é um esforço indispensável. Só no silêncio encontraremos um novo poder e uma verdadeira unidade.
O poder de Deus tornar-se-á nosso, a fim de realizarmos todas as coisas como devem ser realizadas; o mesmo no que respeita à unidade dos nossos pensamentos com os seus pensamentos, das nossas orações com as suas orações, das nossas acções com as suas acções, da nossa vida com a sua vida.
A unidade é o fruto da oração, da humildade, do amor.
É no silêncio do coração que Deus fala; se te colocares diante de Deus no silêncio e na oração, Deus falar-te-á.
E saberás então que não és nada.
Só quando conheceres o teu nada, o teu vazio, é que Deus pode encher-te d’Ele mesmo.
As almas dos grandes orantes são almas de grande silêncio.
O silêncio faz-nos ver cada coisa com outros olhos.
Precisamos do silêncio para tocar as almas dos outros.
O essencial não é o que dizemos, mas o que Deus diz - o que Ele nos diz, o que diz através de nós.
Nesse silêncio, Ele nos escutará, falará à nossa alma e escutaremos a sua voz."

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora da Irmãs Missionárias da Caridade in “Não há maior Amor”